Sigo a passos lentos, vagarosa sou metódica. Limpo os cantos, semblante vívido, acordo o dia.
Fazia frio ao engolir tanto café. Transpirava o tempo perdido, a canção inabalável, o sono inquieto. Desejou ter menos idade, catorze. Percorreu mundos ao entreolhar um abraço adolescente. As marcas intangíveis faziam de cada minúcia o sustento perquirido, sílaba não pronunciada. Como pudera deixar cinzas moverem tanto sentimento? Gesticulava para o espelho tentando encontrar o rosto perdido entre mil faces construídas, encontrou o último cigarro. Baforou por instantes, estava completa. As vestes sólidas sorriam seu olhar mundano, dinheiro limpo, fumaça suja. As chaves abririam seus caminhos tortuosos em um filme estático da vida, quis estar longe. E mais perto ainda se achou. Foi então que as entrelinhas fizeram sentido, apagara-se o cigarro. Estivera aturdida por tamanha ilusão, seu livro de cabeceira ganhara pó de semanas. Mal degradado. Acordou em meio ao caos interior, aos catorze?Eram quase trinta e o coração veiculava o jornal de ontem, manchetes antigas do sonho esquecido. O medo a consumia, goles secos de bebida amanhecida. Entristeceu os papéis com saudades imersas. Valorosa cura? A festa cintilava a plenos pulmões, o relógio estagnado na meia noite. Onde estava? Esquecera o tanto para estar distante, se viu em totalidade imaculada. O amargo sustentava seu paladar a socorrer lembranças pueris. Os antigos, os catorze.
Chego e sou temerosa, amor a quem? Deixo a mim para em mim retornar.